A Digestão
A DIGESTÃO
Da mesma forma, a digestão apresenta semelhanças com as atividades cerebrais, pois é o cérebro (ou consciência) ue consome e digere as impressões materiais. Assim, a digestão abrange
- a captação das impressões materiais do mundo;
- a discriminação do que é 'suportável' e do que é 'insuportável';
- a assimilação dos materiais benéficos;
- a expulsão dos materiais indigeríveis.
Antes de abordarmos os problemas que podem ocorrer na esfera digestiva, será bom considerarmos o simbolismo dos alimentos. Há muito que aprender numa ponderação direta dos alimentos e iguarias a que as pessoas dão preferência ou recusam-se a comer (diga-me o que comes e dir-te-ei quem és!). Afinal, trata-se de um hábito saudável aguçar nossa visão e nossa percepção até o ponto de podermos - mesmo quanto aos mais corriqueiros fatos da vida do dia-a-dia - reconhecer os elos de ligação que atuam por trás dos bastidores, visto que eles nunca são acidentais. Se temos apetite por algo especial, esta é uma expressão específica de uma determinada afinidade, que revela algo sobre nós. Quando alguma coisa não é 'do nosso agrado', essa antipatia pode da mesma forma ser interpretada com a decisão num teste psicológico. A fome é um símbolo do desejo de ter, de introduzir em si mesmo, é a expressão de certa gula. Comer é a satisfação do desejo através da integração, através da ingestão e da satisfação.
Se alguém está faminto de amor, e essa fome não está sendo adequadamente saciada, ela torna a surgir no corpo como um apetite exagerado por doces. Este padrão alimentar, bem como a vontade de 'beliscar' entre as refeições sempre é expressão de uma fome de amor que não foi saciada. O duplo significado da palavra doce e petiscar se torna bem visível quando dizemos que determinada garota 'é um petisco' que gostaríamos de provar. Amor e doçura são sinônimos. Quando as crianças petiscam à noite, esse é um sinal bem evidente de que não estão se sentindo queridas. Os pais protestam depressa demais ante essa possibilidade, dizendo que afinal 'fazem tudo por seus filhos'. No entanto, esse 'fazer tudo', e o 'amar' nem sempre são a mesma coisa. Quem petisca está com desejo de ser amado e de se auto-afirmar. Essa regra é mais confiável do que a auto-análise da capacidade de amar. Também há pais que inundam os filhos de doces e demonstram com esse ato que não estão em condições de dar amor ao filho; por isso lhe oferecem uma compensação em outro âmbito.
As pessoas que pensam demais e realizam um trabalho intelectual sentem desejo de comidas salgadas e iguarias bem condimentadas. Homens de moral conservadora dão preferência a alimentos em conserva, especificamente produtos defumados, além de apreciarem chás fortes que tomam sem açúcar (em geral alimentos ricos em tanino). Pessoas que preferem comidas bem temperadas, até apimentadas, mostram que estão em busca de novos estímulos e impressões. São pessoas que gostam de desafios, mesmo quando estes são insuportáveis e de difícil digestão. O oposto acontece com os que adotam uma dieta sem sal e sem temperos. Essas pessoas se poupam de todas as novas impressões. Lidam medrosamente com os desafiosdo caminho, sentem temor diante de toda confrontação. Esse medo pode chegar a ponto de terem de adotar uma dieta líquida, típica da infância quando não havia a obrigação de decidir-se entre aceitar ou recusar alguma coisa. Por conseguinte, pode continuar sem mastigar os alimentos (comportamento demasiado agressivo) ou sem digeri-los. Em outras palavras, essas pessoas consideram a vida adulta 'difícil demais de engolir' ou 'dura demais de roer'.
O medo exagerado das espinhas de peixe simboliza medo de agressões. Medo de caroços mostra medo dos problemas - não se gosta de chegar até o cerne dos fatos. Também nesse caso há o grupo oposto: os macrobióticos. Essas pessoas procuram problemas. Querem a todo custo chegar ao cerne das coisas e, portanto, são receptivas a alimentos duros. A coisa se desenvolve de tal maneira que inclusive se torna perceptível uma rejeição às áreas não-problemáticas da vida: a sobremesa doce também deve ser algo que se possa morder com força. É assim que os macrobióticos se traem: eles têm certo medo de amor e carinho; portanto, também sentem dificuldade em aceitá-los. Alguns chegam a exacerbar de tal forma sua animosidade por conflitos que finalmente têm de ser alimentados por via intravenosa. Trata-se, sem sombra de dúvida, da forma mais segura de continuar vegetando, sem ter participação direta no processo conflitivo da vida.
fonte : "A DOENÇA COMO CAMINHO"
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