Hoje eu acordei mais cedo, tomei sozinha um chimarrão.

Essa frase de uma música dos Engenheiros do Hawaii, retrata-me essa manhã, pra falar serio retrata bem muitas manhãs minhas, nesses últimos tempos. Apesar de ser uma pessoa de megalópole, pensar e agir como uma pessoa de megalópole, sermos uma familia um tanto impatiens, nós decidimos nos mudar para uma cidade pequena... bonita, bem arrumada, limpa em sua região central. Observei que a diferença nas cidades é o seu centro, por que os subúrbios são sempre iguais, as pessoas também são parecidas: o homem de um subúrbio de cidade pequena é como o suburbano de uma megalópole. Descobri. agora que nossa mudança , realmente findou, que a cidade pequena traz o ser humano de volta pra nós. Você deixa de ser uma pessoa que vive na correria, na cidade, deixa de ser um profissional, seja lá em que área você atue e vira, "a pessoa"... Vira você, só você...Vira "um você" que tem dentro de si o profissional, a mãe ... E então você percebe, que as máscaras, as quais você é educado para vestir não fazem mais sentido... que a única face que você precisa é a sua... limpa, sem maquiagem... Permitam-me que eu exemplifique: Você pode acordar, em São Paulo por exemplo, em uma manhã de gata borralheira, "sem vontade de cantar uma bela canção", sair sem maquiagem com o cabelo preso, com sua roupa mais confortável e antiga, colocar uma revista na frente do rosto ou óculos escuros, e circular sem ser incomodada, ninguém te questionará, e se estiver com cara de sorridente e boazinha , farão um "escaneamento" rápido, te julgarão alegre, ou uma pessoa alegre ou cafona de tão colorida, e te deixarão passar da mesma maneira. Em uma cidade pequena , você acorda em uma manhã de gata borralheira, e sai para levar seu filho à escola... afinal, aqui ela é perto demais para perua escolar, e você tem tempo de sobra para levá-lo (começa aí o diferencial), você pode ir até a pé, vendo o mar, se quiser, ao chegar nas duas quadras próximas a escola, se estiver a pé, pelo menos 2 a cada 10 pessoas que passarem por você te darão bom dia. Se estiver de carro, ao virar a esquina o agente de trânsito lhe dará bom dia, afinal, ele te vê todos os dias na entrada e na saída da escola. Quando você voltar pra casa, antes da 8 da manhã, você já se arrependeu de ter saído com humor de gata borralheira, por que pessoas que nem "interferem" na sua vida, já mostraram que você não quer usar a máscara do mau-humor, e do não falem comigo hoje... por que eles vão te dar bom dia como manda a educação e regras básicas de convivência. Voce terá sentido que o sol, o mar, o vento , achuva, a neblina, tudo está lá com você num novo dia, e voce se sentira muito feio com a máscara de mau-humor, e um sorriso se desenha em seu rosto. O ser humano evoluiu dentro de suas esferas civilizadoras, dentro de seus arranha-céus, e seus prédios "indestrutíveis", climatizados, e esqueceram a tônica de sua evolução que é a tônica do amor ao próximo, da caridade... Acho que ALGUEM , falou sobre amar o próximo... Somos animais que evoluíram de suas "banheiras solitárias" para viver em harmonia e conjunto, em civilizações, solitários ou apenas com os nossos, dentro de nossas casas somos sozinhos, não estamos praticando o amor ao próximo. Praticar o amor ao próximo, é mais do que ser bons companheiros, bons funcionários ou bons pais. Lobos, leões, baleias, entre muitos outros também conseguem (melhor que alguns humanos) cuidar dos seus, amar os seus, matar e morrer pelo seus. Nós que nos auto-intitulamos de seres humanos, devemos nos humanizar de verdade. Não conseguiremos, ou demoraremos muitas vidas se vestirmos tantas mascaras. Humanizar, Pensar que eu posso não estar bem hoje, e falar com a pessoa do lado. eu não preciso ignora-la, por que estou pré-ocupada com algo, não preciso ser tão egoísta, eu posso, além das minhas responsabilidades dar um sorriso de bom dia pro agente de trânsito ou para a moça do caixa que me cobrou o pão, mesmo sem sabem o nome deles, mesmo eles sendo velhos conhecidos, que sem sequer falar mais que um bom dia ou um simples aceno de mão. Me lembrar que eu sou um ser humano. 'Hoje eu acordei com uma vontade danada de mandar flores, bater na porta do vizinho e desejar bom dia, e beijar o português da padaria' (como diz ZECA BALEIRO) Eu quero aproveitar esse espaço,para agradecer sua visita e para convidar a todos, que vivam em suas cidades pequenas, mesmo que dentro de uma megalópole... Namaste.